segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Homem Duplo - Philip K. Dick

Na descrição do próprio autor: "Este é um romance sobre algumas pessoas que foram punidas excessivamente pelo que fizeram."
O Homem Duplo passa-se em um futuro próximo e, praxe da ficção cientifica, decadente. O abuso de drogas é um problema crônico na sociedade, e, também, praxe, existe uma droga específica, a Substância D (Slow Death - Morte Lenta), que é responsável pela maior parte do vício na população. O protagonista é um agente da polícia infiltrado em uma casa habitada por três junkies, para tentar identificar um traficante. Assim, cada vez mais, ele vai se tornando dependente da droga, o que o leva a assumir uma segunda personalidade.
O autor desenvolve a história a partir dos ciclos de confusão mental e paranóia extremas nos quais os personagens se inserem ao usar a droga, criando diálogos e situações absurdos que vão evidenciando a contínua piora do estado mental dos personagens e do protagonista. A forma de agir da polícia (o Cara Comum não fala 'modus operandi') é muito inusitada, com seu disfarce tecnológico e tudo mais. A conclusão do romance é muito interessante, porém, triste e, talvez, um pouco previsível em alguns aspectos. No entanto, a leitura é bastante interessante, o Cara Comum recomenda.
O Homem Duplo é um romance divertido, interessante, e, ao mesmo tempo, triste, quando mostra a decadência humana e até que ponto uma pessoa pode chegar em busca de prazer momentâneo. A tragédia dos personagens de Dick remonta a uma simbologia católica antiga, o pacto com o demônio. O diabo não mete mais medo, ninguém acredita mais nele. Porém, o aprisionamento irreversível da mente pelas drogas, ou pela própria religião, é real.

Nenhum comentário:

Postar um comentário