quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Guia do Mochileiro das Galáxias - Douglas Adams

Don't panic. Mesmo que você ainda não tenha lido O Guia do Mochileiro das Galáxias, com certeza já entrou em contato com algo relacionado a ele e não sabe. O guia é um ícone pop contemporâneo etc. e tal, que influenciou toda uma geração de nerds.
O livro conta a história de Arthur Dent e seu amigo Ford Prefect, os quais se envolvem em uma série de confusões intergalácticas quando descobrem que a Terra está para ser destruída para a construção de uma via hiperespacial... (sim, isso mesmo), passando pelas situações mais absurdas e cômicas possíveis. Vale a pena lembrar que Douglas Adams escrevia esquetes para o Monty Python. Assim, podemos entender de onde veio tanto non sense. Porém, seu non sense é genial, cômico e extremamente científico! Além, claro, de transbordar sarcasmo e ironia. 
O Guia do Mochileiro das Galáxias faz o leitor rir constantemente, mas, alerta, se você não é nerd, não gosta de ciência e filosofia, provavelmente vai viajar sério e achar sem graça. OK. Vou explicar. O livro é cheio de referências à ciência e normalmente é enquadrado como ficção científica, porém, é uma FC propositalmente absurda e cômica. Por exemplo, os personagens viajam em uma nave espacial movida por um gerador de improbabilidade infinita. Na boa, estou rindo só de escrever isso... Então, se você não achou que o autor pensar em algo assim é ridiculamente cômico, não leia. Mas espere! Não é só isso! Douglas Adams não para por aí, ele ironiza a burocracia corporativa, as religões e os costumes britânicos. Estes últimos, através do comportamento de Arthur Dent, o qual mesmo depois de passar pelas situações mais absurdas só se preocupa com seu chá. O sarcasmo de Adams não poupa ninguém, nem a humanidade como um todo. Na verdade, principalmente a humanidade como um todo, a qual ele critica ferinamente. Segundo o Guia (que é um livro dentro do livro), a espécie terráquea mais inteligente são os golfinhos... tire suas próprias conclusões. Segue uma citação para deixar claro o estilo único de Douglas Adams e você decidir se gosta ou não:

O Gerador de Improbabilidade Infinita é uma nova e maravilhosa invenção que possibilita atravessar imensas distâncias interestelares num simples zerézimo de segundo, sem toda aquela complicação e chatice de ter que passar pelo hiperespaço.
Foi descoberto por um feliz acaso, e daí desenvolvido e posto em prática como método de propulsão pela equipe de pesquisa do governo galáctico em Damogran.
Em resumo, foi assim a sua descoberta:
O princípio de gerar pequenas quantidades de improbabilidade finita simplesmente ligando os circuitos lógicos de um Cérebro Subméson Bambleweeny 57 a uma impressora de vetor atômico suspensa num produtor de movimentos brownianos intensos (por exemplo, uma boa xícara de chá quente) já era, naturalmente, bem conhecido ― e tais geradores eram freqüentemente usados para quebrar o gelo em festas, fazendo com que todas as moléculas da calcinha da anfitriã se deslocassem 30 centímetros para a direita, de acordo com a Teoria da Indeterminação.
Muitos físicos respeitáveis afirmavam que não admitiam esse tipo de coisa ― em parte porque era uma avacalhação da ciência, mas principalmente porque eles não eram convidados para essas festas.
Outra coisa que não suportavam era não conseguir construir uma máquina capaz de gerar o campo de improbabilidade infinita necessário para propulsionar uma nave através das distâncias estarrecedoras existentes entre as estrelas mais longínquas, e terminaram anunciando, contrafeitos, que era praticamente impossível construir um gerador desses.
Então, um dia, um aluno encarregado de varrer o laboratório depois de uma festa particularmente ruim desenvolveu o seguinte raciocínio:
Se uma tal máquina é praticamente impossível, então logicamente se trata de uma improbabilidade finita. Assim, para criar um gerador desse tipo é só calcular exatamente o quanto ele é improvável, alimentar esta cifra no Gerador de Improbabilidades Finitas, dar-lhe uma xícara de chá pelando... e ligar!
Foi o que fez, e ficou surpreso ao descobrir que havia finalmente conseguido criar o ambicionado Gerador de Improbabilidade Infinita a partir do nada.
Ficou ainda mais surpreso quando, logo após receber o Prêmio da Extrema Engenhosidade concedido pelo Instituto Galáctico, foi linchado por uma multidão exaltada de físicos respeitáveis, que finalmente se deram conta de que a única coisa que eram realmente incapazes de suportar era um estudante metido a besta.
Pois é... Sacou? Outro aspecto interessante sobre O Guia do Mochileiro das Galáxias é que assim como acontece com "2001, Uma Odisseia no Espaço" o mundo pop está repleto de referências a ele. Exemplo, digite no google: a resposta para a vida o universo e tudo mais; e veja o que retorna. Conhece uma música da banda Radiohead chamada Paranoid Android? E a frase: não entre em pânico? Já chegou ao centro da galáxia no jogo Spore? De qualquer forma, como explicado anteriormente, a não ser que você seja um nerd contemporâneo, essas referências passaram despercebidas. Assim como provavelmente passou despercebido, naquele seriado da TV, quando toca Assim Falou Zarathustra e eles imitam macacos, que era uma referência a 2001...

2 comentários:

  1. Douglas Adams é muito bala !
    Já leu toda a "trilogia" de cinco livros ?

    O conceito no segundo livro do restaurante que volta no tempo e depois avança até chegar no momento do fim do universo também é muito louco e genial.

    Aí vem o dono do restaurante e manda:
    "É maravilhoso ver todos vocês aqui no Restaurante do Fim do Universo esta noite, não é mesmo? Sim, absolutamente maravilhoso. Porque sei que tantos de vocês vêm aqui várias e várias vezes, o que eu acho realmente maravilhoso. Vir aqui e assistir à finalização de tudo, e então retornar para casa, para suas próprias eras… e construir famílias, lutar por sociedades novas e melhores, combater em guerras terríveis por aquilo que sabem que é o certo… isso realmente dá esperança no futuro de toda espécie viva. A não ser, é claro — apontou para o redemoinho relampejante acima e ao redor deles — pelo fato de sabermos que isso não existe..."

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