sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os Filhos de Húrin - J. R. R. Tolkien

Eu costumo falar que Tolkien merecia mais respeito em nosso país. Sua literatura não pode ser considerada infanto-juvenil, como acontece no Brasil, apesar de seu romance "O Hobbit" realmente ser. A riqueza presente nos seus textos é grandiosa, cheia de beleza e poesia, mesmo nos lançamentos póstumos, os quais são compilações feitas por seu filho, Christopher Tolkien.
Algo que pode ser um grande problema em Os Filhos de Húrin é que a estória contada no livro está no Silmarillion de forma resumida. Então, apesar conter muito mais detalhes, o leitor pode estar lendo um romance cujo final ele já conhece. No entanto, para mim, isso não foi problema, pois a beleza do conto aparece, justamente, em sua forma extendida. No apêndice, ao final do romance, Chistopher Tolkien explica como foi feita a compilação, e afirma que o texto é artificial, no sentido de não ter sido completamente escrito da forma como apresentada no livro. Segundo ele, nada foi alterado, porém, alguns alinhavos tiveram que ser feitos para dar consistência à narrativa e corrigir questões geográficas. Tolkien revisava seus textos e os reescrevia constantemente, além de fazê-lo em diversas formas diferentes, como versos e prosa. Esse foi o caso de Os Filhos de Húrin ou Narn i Chîn Húrin, em sindarin. Porém, não se percebe, na narrativa, a mesma fluência encontrada em O Sr. dos Anéis, por exemplo. Isso leva a crer que, aparentemente, não foi escrita para ser um romance. Mas nada disso reduz a sua qualidade.
A crítica profissional, leia-se o Times Literary Suplement e todo mundo que o copia, afirma que esse é "o mais sombrio de todos os trabalhos de Tolkien". Seja lá o que signifique isso. Mas posso dizer que é o romance mais denso, seja lá o que signifique isso também, que eu já li dele, tratando de temas extremamente humanos como a crença na predestinação, a obstinação, o orgulho, o medo, a raiva causada pelas frustrações e pela falta de controle das pessoas sobre seu próprio destino. O romance mostra que Wyrd bi∂ ful aræd, como diria Uhtred de Bebbanburg. E faz tudo isso transbordando poesia, através da fala antiga da terra média, do código de conduta adotado pelos elfos, das ações de homens e elfos e do final Shakespeariano (espero que com essa afirmação eu não esteja contando o final). Enfim, é um conto muito bonito, muito, mesmo, como tudo que Tolkien fez. Sim, pode ser careta dizer isso, mas acredito não ser necessário lembrar que esse conto começou a ser escrito em 1914 e nunca foi terminado. Ou seja, temos que entender o contexto do autor, não podemos esperar que ele tenha escrito como um escritor moderno. Além disso, um pouco de lirismo não faz mal a ninguém.
Bom, não contei do que o livro fala, né? Preciso dizer que conta a história dos filhos de Húrin? Pois é, seus nomes são Túrin e Niënor... E não falarei mais do que isso, portanto, leia! Porque, além de tudo o que eu mencionei anteriormente, este livro é entretenimento de primeira! E, como eu costumo falar, é maravilhoso quando conseguimos unir qualidade literária com entretenimento, quando lemos um livro sentindo prazer na leitura, devorando as páginas, querendo saber o que vai acontecer na sequência. Enfim, viva Tolkien!

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